O TRC de Santa Catarina está com cerca de 8 mil caminhões parados por falta de motoristas. A situação representa um prejuízo mensal de R$ 30 milhões, gerando uma grande preocupação, já que o setor de transportes é crucial para a economia brasileira.
A falta de caminhoneiros no mercado de trabalho é fruto de três principais fatores: a insegurança nas estradas, o baixo interesse dos mais jovens, pois optam por áreas ligadas à tecnologia, e os salários pouco atrativos, que afastam motoristas e dificultam a entrada de novos profissionais na atividade.
A insegurança é o principal problema. Isso engloba tanto a violência e o roubo de cargas, quanto a precariedade da infraestrutura rodoviária, com gargalos que provocam lentidão e atrasos nas viagens.
Além disso, os motoristas reclamam da falta de estrutura e de pontos de apoio para garantir tranquilidade e descanso entre as jornadas.
Um dos grandes exemplos pode ser observado na BR-101, rodovia federal que percorre o litoral do Brasil de Norte a Sul. Em Santa Catarina, um dos principais gargalos está no Morro dos Cavalos, em Palhoça, onde há um longo debate sobre a construção de um túnel e o aproveitamento da pista atual para tráfego em mão única.
A falta de caminhoneiros cresce com o desinteresse dos jovens pela profissão
O mesmo desestímulo que afasta motoristas experientes também impede a renovação da categoria.
A baixa remuneração amplia a falta de motoristas no mercado catarinense. Pesa também o retorno financeiro, que atualmente não compensa o esforço e os riscos da profissão, especialmente no setor de carga fracionada, aquele que trabalha com entregas de produtos de diversos remetentes diferentes.
Os sindicatos do estado que integram o Sistema FETRANSCESC (Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado de Santa Catarina), motivados pelo Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística do Sul de SC (Setransc) vem debatendo estratégias para reverter o cenário.
Cenário no Brasil
O número de motoristas profissionais no Brasil com Carteira Nacional de Habilitação nas categorias C, D ou E, tem caído significativamente ao longo dos anos.
De acordo com um levantamento feito pela Ilos com base em dados do Senatran, em 2015 o número de motoristas profissionais no Brasil era de 5,6 milhões. Em 2025, esse número está em 4,4 milhões de motoristas. Levando em consideração a queda total no período, a redução é de 22%, ou 1,2 milhão de profissionais.
Para a Ilos, “A redução do número de motoristas de caminhão disponíveis pode ter impacto na oferta de serviços de transporte rodoviário de carga, que está diretamente relacionada à quantidade de veículos e à disponibilidade de condutores. Para as indústrias, a restrição na oferta de transportes pode resultar no aumento dos preços dos fretes e impactar a eficiência da cadeia logística.”
A explicação para esse movimento se dá por alguns fatores como envelhecimento da mão de obra, com idade média em cerca de 45 anos. Isso mostra que existem mais trabalhadores do setor próximos de se aposentar do que novatos começando na profissão.
Além disso, as conhecidas dificuldades da profissão, como tempo longe de casa, falta de infraestrutura nas rodovias, locais de descanso e alimentação adequada, fazem com que muitos profissionais procurem outras profissões, abandonando o volante e desistindo da CNH profissional.
Apesar da queda, o número total de motoristas profissionais ainda é maior do que a frota circulante de caminhões no país. O painel RNTRC em Números, uma divulgação mensal dos dados relativos a transportadores e seus veículos cadastrados no Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas (RNTRC) da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), mostra que a frota total de caminhões no país é de 2,76 milhões de veículos. Ou seja, existem 1,59 motoristas para cada caminhão que atua no transporte de cargas.
Porém, os dados mostram uma tendência perigosa. Em muitos países, o número de motoristas profissionais disponíveis está cada vez mais próximo do número de caminhões circulando, e isso leva a grandes problemas de escassez de profissionais, com impactos diretos à cadeia logística, aumento os custos de produtos e serviços, que, direta ou indiretamente, dependem do transporte rodoviário de cargas para funcionarem.
Fonte: Blog do Caminhoneiro
Foto: Canva (Banco de Imagens)