A Federação das Indústrias de SC (FIESC) apresentou na última sexta-feira, 20, uma proposta para oferecer mais segurança e resolver os principais gargalos das BRs 101 Norte e 116, nos trechos localizados em Santa Catarina. A entidade é favorável à repactuação e extensão do prazo de concessão da BR-101 Norte dentro do modelo sugerido pelo Ministério dos Transportes, mas pondera que o estudo técnico encomendado avaliou que as obras e investimentos propostos são insuficientes para garantir a segurança dos usuários e um nível de serviço adequado ao longo do período estendido de concessão.
O estudo encomendado pela FIESC apontou que, no caso da BR-101 Norte, as obras contempladas na proposição do Ministério serão insuficientes para garantir a segurança dos usuários e níveis de serviço adequados para atender o aumento de tráfego previsto na rodovia até o fim do prazo estendido, em 2048. A análise mostrou que vários trechos da BR-101 terão nível de serviço “F” – o pior na escala HCM (Highway Capacity Manual) e que ocorre quando a demanda excede a capacidade da via – muito antes do fim do novo prazo da concessão.
A proposta atual do Ministério dos Transportes, que não resolve os gargalos da BR-101 segundo os estudos da FIESC, levará a uma falta de capacidade na rodovia e vias laterais que vai resultar em um custo acumulado de R$ 155,7 bilhões para os usuários de 2033 até 2047. A despesa considera custos de combustível, operacionais, de tempo de viagem decorrentes dos congestionamentos ocasionados pela falta de capacidade e custos envolvendo acidentes.
O estudo do engenheiro de tráfego Lucas Trindade mostrou que o custo dos congestionamentos para o usuário ao longo do período estendido da concessão (2032 a 2048) seria de R$ 32 bilhões a mais na comparação entre a proposta do Ministério e a simulação com mais obras e que considerou nível de serviço “D” para a rodovia.
Além disso, o estudo estimou um impacto ambiental significativo, com aumento de mais de 40% nas emissões de poluentes, o que equivale a 8 trilhões de toneladas adicionais de CO2, NOx, PM e VOC lançados na atmosfera.
Propostas
Para manter a capacidade da rodovia BR-101 e níveis adequados de segurança até 2048, a FIESC vai propor uma série de obras, que permitiria um nível de serviço na categoria “D” da metodologia HCM. Entre elas estão melhorias e intervenções sugeridas pelo engenheiro Lucas Trindade, como terceiras faixas, vias laterais, melhorias nos entroncamentos, pontes e obras de arte especiais, por ordem de prioridade, conforme as simulações feitas no estudo.
O presidente da Câmara de Transporte e Logística da entidade, Egídio Martorano, lembrou que o custo de uma rodovia ineficiente não é contabilizado no dia a dia pelo usuário, mas eleva os custos de transporte e afeta fretes, por exemplo. A Federação reconheceu que incorporar mais obras na proposta do Ministério dos Transportes terá impacto na tarifa de pedágio.
Estudo da entidade mostrou, no entanto, que a tarifa proposta na repactuação ainda é uma das menores do país dentre as concessões mais recentes.
Confira pontos de atenção e a sugestão da FIESC para otimização dos contratos e melhoria da trafegabilidade e segurança nas duas rodovias:
BR-101 Norte
Incorporação de obras para garantir nível de serviço mínimo na classificação “D” da metodologia HCM.
Obras estratégicas no entorno para maior eficiência, de responsabilidade dos municípios ou do governo do estado. Exemplo: ligação da Rod. Antônio Heil com a BR-101 (já incluída no programa Estrada Boa, do governo do estado), melhorias no acesso ao Porto de Itapoá (estrada municipal e rodovias estaduais), corredor portuário de Itajaí (municipal), entre outras.
BRs-101 Norte e 116
Implantação do pedágio por quilômetro rodado (free flow).
Proposta: avaliar impactos na receita da rodovia da adoção do free flow para incorporar mais obras na proposta de repactuação da BR-101(SC)(N) e 116(SC), em ordem de prioridade.
Implantação do pedágio variável
Proposta: A aplicação do pedágio variável pode ser uma importante ferramenta no combate ao congestionamento. Nesta alternativa, a tarifa base sofre um acréscimo durante os horários de pico, enquanto é reduzida nos horários de subutilização da rodovia. Esta possibilidade incentiva os motoristas a viajarem em diferentes horários, diluindo o tráfego ao longo do dia.
Inovação e conectividade
Proposta: Implantar sistemas de inteligência de tráfego e garantir conectividade para aumentar a segurança da rodovia. A conectividade permite agilidade na comunicação em caso de emergência. Para as transportadoras, a conexão permitirá que a gestão de frotas seja otimizada, gerando informações como por exemplo localização em tempo real, consumo médio, velocidade, bloqueio de veículos, entre outros.
Paramédica motocicleta, ou “motolância”
Proposta: Adotar o atendimento rápido e eficiente por meio de “motolâncias” nas ocorrências de acidentes rodoviários, melhorando a assistência aos usuários e diminuindo o tempo de congestionamento, com impactos na eficiência.
Preservação de áreas de domínio
Proposta: Aumentar a fiscalização e elaborar Plano Diretor visando a conservação das áreas lindeiras, a fim de inibir ocupações indesejáveis. Essas ocupações são um dos principais motivos da ineficiência de nossa malha rodoviária, principalmente em áreas urbanas. Além de afetar a segurança da rodovia, a ocupação pode representar aumento de custos e dificuldades para a ampliação de capacidade.
Bloqueador de visão de acidente
Proposta: adotar o bloqueador de visão para acidentes para evitar redução no fluxo de tráfego causado por curiosos. Em situações de acidentes de trânsito em rodovias, o fluxo é comprometido não somente pelo distúrbio direto causado pelo acidente, mas também pela curiosidade dos motoristas, que reduzem a velocidade para acompanhar a ocorrência.
Rodovia Paralela
A FIESC voltou a defender o projeto da rodovia paralela para atender ao crescimento da demanda projetada para as próximas décadas. O presidente da entidade lembrou que o litoral de SC cresce acima da média do estado e também acima da média brasileira.
Para entender os desafios da construção do corredor rodoviário litorâneo norte, o engenheiro e consultor da FIESC Ricardo Saporiti fez uma análise técnica das obras propostas pelo governo do estado, num trecho que vai de Joinville a Tijucas, com 144 Km.
O ponto crítico da ideia da rodovia paralela, até o momento, é que não existe licitação para o projeto de engenharia do trecho que ligaria a nova rodovia ao contorno viário da Grande Florianópolis.
Fonte: FIESC